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** By ROBERTO CHRISTO **

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Setenta


O documentário "Setenta" entra em circuito nacional hoje. O filme teve sua première no Festival do Rio, já passou na 37ª Mostra de Cinema Internacional em São Paulo e foi premiado no Festival de João Pessoa.

Produzido pela jornalista Sandra Moreyra, o documentário se baseia em um fato histórico ocorrido no ano de 1970! Foi naquele ano que o embaixador suíço no Brasil, Giovanni Enrico Bucher, foi sequestrado. O ato tinha fins políticos, os sequestradores pediram a liberdade de 70 presos políticos, em troca da libertação do representante diplomático. 

É através do depoimento de 18 personagens que a história é revivida no filme! A obra, também, mostra o que o destino reservou para estas 70 vidas, após serem libertados.

Esperemos ansiosos para assistir!

por ROBERTO CHRISTO

 

segunda-feira, 26 de maio de 2014

A arte de Joana Vieira

Joana Vieira e Bigode

A artista plástica, Joana Vieira, apresenta sua arte com influências do barroco brasileiro, cujo tema chama a atenção para o nosso sincretismo religioso e sua miscelânea de ritos afros e cristãos. Paulistana com alma enraizada do nosso país, Joana expressa a visão de nossas tradições de maneira inclusiva. Suas obras nascem da junção da madeira, tintas, lantejoulas, tecidos e fotografias.

A percepção da arte é algo muito pessoal e vai de encontro com a características mais intrínsecas do espectador. No último 24 de maio, estivemos no evento de arte de Joana Vieira, que abriu a sua casa-atelier, para convidados. Foi uma grande oportunidade de ver de perto, a magnífica obra desta artista que celebra o heterogêneo, buscando elementos seculares, cujo conceito inicial se camufla por detrás do conservador!

Para ser contemporâneo, enaltecer a diversidade e se utilizar de bases tradicionais ou de raízes, é preciso ser inteligente e tocar os diversos inconscientes. Em tempos em que movimentos sociais lutam pela abolição do tradicional véu das mulheres iranianas e que no Brasil pedem pela retirada dos crucifixos das salas de instituições públicas para manutenção da laicidade do país, ou insistem no reconhecimento das crenças afro-brasileiras como religião, Joana Vieira usa de sua criatividade para mostrar que o inteligente é se comunicar de forma inversa, ou seja, valorizando as óbvias raízes que a atualidade taxou de conservadora, mas que, definitivamente, não são!

Ser inteligente e criativo é ir pela via contrária e mostrar o sagrado já introduzido do sincretismo! Arte é isto, arte é não banir as raízes, mas sim recria-las!
Promover a harmonia do diverso é criar um evento de arte com samba, música eletrônica, cachaça e espumante. É mostrar uma obra, nitidamente, com grande influência do Barroco católico, cristão! Porém, mesclada de referências "mundanas" (no melhor sentido da palavra)! 

Quando falo de diversidade aqui, digo respeito às diversas crenças, culturas e origens. O trabalho de Joana Vieira consegue fazer isto de forma impressa!

Seu mundo se divide em fatias de brasilidade, com seus elementos da cultura baiana embasada nas raízes africanas; com sua matéria prima que nos remete às fantasias do nosso carnaval. Uma outra fatia inclui um pouco do barroco andino, senti bastante influência da escola cuzquenha na obra da artista! Indo bem mais longe, há a fatia com influência da arte sacra filipina, cujo detalhe marcante fica com o vermelho (e demais cores) da tapeçaria intitulada "Sagrado Coração de Maria" que me trouxe a sensação de estar presente na famosa festa da "Sexta Feira da Paixão", em Manila, com seus ensanguentados corpos flagelados.

É claro, tudo que cito aqui provém da mesma influência cristã-ibérica, mas enfatizo que houve a haverá mutações desta realidade, assim como a interpretação da arte. Falar de espiritualidade através de símbolos é materializar um energia! Agora, é preciso espiritualizar a matéria resultante das nossas mutações físicas e culturais, mutações que geram diferenças. Diferenças que o homem resiste em aceitar. Negações que são motivos de guerras e disputas. 

Fazer da arte uma busca das raízes, pode ser uma maneira inclusiva de celebrar as variantes finais da sensibilidade, de se mostrar as diferenças de formas que migram aos extremos do mundo. É ter conhecimento que qualquer diferença se torna igual ou se torna invisível, quando enxergamos que a sua essência é a mesma, não importando se a artista clamou por São Jorge, talvez Ogum! Ou se ela homenageia o Espírito Santo, incluindo em sua obra as tradicionais lanternas de papel, presentes na festa budista de Vesak, e que pode representar o mesmo símbolo da libertação​​, em qualquer crença.

por ROBERTO CHRISTO

 

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Eu sou Kelly Lima!


A expressão do artista não pode se restringir a uma linguagem somente, é preciso interagir com a humanidade e não com um público! A atriz, diretora e produtora, Kelly Lima, consegue sintetizar sua multi experiência quando desenvolve um trabalho que tem como finalidade o íntimo humano. Este é o momento de reunir, em um foco, aquilo que vivenciou como palhaça, atriz de teatro, atriz de cinema! Aquilo que aprendeu nas aulas de violino, nas aulas de francês! 


Como se não bastasse, faz das artes o caminho para administrar a vida, os negócios e a família. Assim conseguiu criar uma base estrutural para manter o prumo, mesmo depois de pender para os dois lados ou passar por tempestades causadas pela natureza da má fé alheia! Mas sempre, retorna ao seu ponto de equilíbrio.

Responsável pela primeira assistência de direção do curta metragem de Elder Fraga, que representa o Brasil no "Cannes Short Film Corner 2014"; pela co-direção do filme "Forca", indicado a melhor curta no "7 Continents Film Festival", na Índia, em 2013; agora ela se prepara para mergulhar de cabeça nos projetos de teatro infantil, além de poupar as energias para a co-direção de um filme baseado em um texto do Frei Betto, programada para o segundo semestre. 

Mais uma fase da vida, mais um novo visual!

Interessado nesta garra e fonte de boa sorte, escolhi esta artista para ser a minha entrevistada da semana. Confira abaixo suas respostas que ilustram bem seus planos, desejos e ações! Um texto que faz jus aos, também, títulos de jornalista e roteirista de Kelly Lima.


Há pouco mais de um ano nessa nova parceria com o autor e diretor,       Francisco Alves, já colhemos bons frutos: a montagem e circulação do espetáculo infantil "Ouvindo Estrelas" , vencedor de 2 prêmios no Festival de Teatro da Amazônia; o processo de criação e montagem de "Da Vinci, o Inventor", também para crianças, com previsão de estreia ainda este ano; e a produção de mais dois espetáculos adultos no Rio de Janeiro: "Casarão ao Vento", texto vencedor do 6º Concurso de Dramaturgia Brasil em Cena, promovido pelo Ministério da Cultura e Banco do Brasil e também "Riso Invisível" com estreia em Maio no Sesc Tijuca. 

Seus textos infantis são delicados e poéticos e acima de tudo, tem a preocupação de respeitar a inteligência e o senso crítico da criança, com o propósito de desmistificar o maniqueísmo tão abundante na literatura para esse público.
Já para o público adulto a poesia prevalece em meio aos apontamentos das injustiças sociais (sobre o machismo desnudado em "Casarão ao Vento" texto de época - séc XIX, mas atualíssimo) e nas relações humanas, especialmente naquelas que ocorrem nos bastidores, longe do olhar do público (no caso de "Riso Invisível") e que dizem respeito ao desejo e as necessidades de se sentir amado e aceito pelo outro.   

Ainda em 2014, esses espetáculos devem circular pelo país, especialmente nas regiões Norte e Nordeste e o trabalho de produção é intenso, mas extremamente gratificante.

É a mesma sensação que tenho das minhas primeiras experiências com o teatro. Essa relação que iniciou quando menina, numa escola da periferia de São Paulo. Eu tinha uns 13 anos, era "coordenadora da classe" e precisávamos de dinheiro para a festa de conclusão do ensino fundamental. Tive a ideia de fazer uma peça de teatro sem nunca ter ido a um espetáculo até então. Escrevi o texto sobre a vida das princesas depois da célebre frase "e viveram felizes para sempre", era uma comédia dramática. Minha professora de língua portuguesa, com quem até hoje mantenho contato, me incentivou e me orientou. Convidei outros alunos para compor o elenco, decidimos o figurino e a trilha sonora. Dirigi de acordo com a imagem que se formou na minha cabeça e todos contribuíram com suas próprias ideias. O resultado foi o pátio lotado em todas as apresentações. Cobramos ingressos a algo em torno de R$2,00. Foi uma delícia e conseguimos o dinheiro! Essa relação acabou estacionando por aqui por alguns bons anos.

Apesar da formação em roteiro e jornalismo, acabei indo parar na publicidade, o que foi extremamente importante para meu amadurecimento pessoal e profissional. Dolorido, é claro! Foram nessas experiências profissionais que percebi a riqueza das relações humanas, mesmo aquelas que entendemos como "desumanas", visto que no mundo corporativo uma pessoa é facilmente substituída por outra quando sua capacidade de produção não atende mais aos interesses da empresa. Ou melhor, das pessoas que administram essa empresa. E isso acontece geralmente no momento de maior fragilidade do empregado. Como se este fosse uma engrenagem que apresenta defeito e precisa ser substituída por uma peça nova. Pode parecer absurdo, mas passei a fazer analogias com as relações fora do trabalho e perceber que a fragilidade das relações humanas é minha fonte de inspiração. Passei a revisitar minhas histórias de infância com meus cinco irmãos e dezenas de primos, minha relação com meus dois filhos, com amores, com amigos, com meus pais. E é onde me encontro. Encontro minhas fragilidades, defeitos, anseios, neuroses... meus desejos: os realizados e aqueles que ficam por esperar ou que mudam de rumo. A vida é de uma riqueza infinita!! Todas elas, mesmo as (aparentemente) mais cotidianas e ditas "normais" ou "simples". 

Obviamente que para transformar essa avalanche de emoções, sensações e histórias em textos para teatro, cinema ou alguma  forma de arte (ou intenção de fazer arte), é preciso muito estudo, treino, pesquisas, trocas com outros seres inquietos que estão nessa jornada. São noites em claro, finais de semanas, feriados e pouco tempo para o ócio, para o "devir", para o devaneio. O que me faz falta. O que deve fazer falta a todos.

Porém, enquanto mulher emancipada, tenho uma intuição que grita pra dentro e ecoa: é no caminhar que está a realização!! E mesmo que nesse caminho encontremos pessoas muito mal intencionadas, situações pouco ou nada favoráveis, que tenhamos que dar dois passos para trás pra ganhar impulso, ou que tenhamos que parar por momentos e esperar a tempestade acalmar (o que eu diria ser as grandes oportunidades para o devir**), enfim, é esse o caminho!! Sigamos, pois!

**Devir (do latim devenire, chegar) é um conceito filosófico que significa as mudanças pelas quais passam as coisas. (fonte Wikipedia)

Parabéns pela capacidade de redigir este belo texto baseado nas minhas perguntas.

por ROBERTO CHRISTO

 

Na direção cinematográfica

Na direção

Na direção

Como palhaça

No palco

No palco

Como Mestre de Cerimônia

Como Mestre de Cerimônia



quinta-feira, 8 de maio de 2014

Os novos caminhos de Dawn Westlake

Cathy Yonek, Michael Galante, Hayley McLaughlin, Dawn Westlake, Marissa Meizel
durante a primeira leitura do texto

Dawn Westlake, da Produtora Ron de Cana, é uma verdadeira "workaholic", no melhor sentido da palavra. Dawn é versátil, acessível e generosa. Bom para o mercado audiovisual que demanda este combustível compulsivo! Ou melhor ainda ... Bom para a audiência que conta com produções de encher seus olhos!

A atriz, produtora e diretora, que recentemente dirigiu um episódio da série “Look Who's Stalking”, do canal A&E, foi convidada para atuar em uma empreitada do diretor Brandon Freer, intitulada “Capsized”, cuja produção será parcialmente bancada pelo sistema de "crowdfunding". 

Ao mesmo tempo, esta profissional, que nunca para,  investe mais energias na produção e direção de seu novo filme “Games People Play”, uma comédia de humor negro que contará com o trabalho de cinematografia e montagem de Jon Carr. 

Também um talentoso artista multifacetado, para quem não o conhece, Jon é o responsável por uma bela videoinstalação permanente no aeroporto de Los Angeles, além de outros estupendos trabalhos de audiovisual (confira clicando aqui).

Dawn, nos avise quando tudo estiver finalizado e disponível para assistirmos, pois esperamos ansiosos para ver o resultado de tudo!

Boa sorte!

por ROBERTO CHRISTO

 
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