A expressão do artista não pode se restringir a uma linguagem
somente, é preciso interagir com a humanidade e não com um público!
A atriz, diretora e produtora, Kelly Lima, consegue sintetizar sua
multi experiência quando desenvolve um trabalho que tem como
finalidade o íntimo humano. Este é o momento de reunir, em um foco,
aquilo que vivenciou como palhaça, atriz de teatro, atriz de cinema!
Aquilo que aprendeu nas aulas de violino, nas aulas de francês!
Como se não bastasse, faz das artes o caminho para administrar a
vida, os negócios e a família. Assim conseguiu criar uma base
estrutural para manter o prumo, mesmo depois de pender para os dois
lados ou passar por tempestades causadas pela natureza da má fé
alheia! Mas sempre, retorna ao seu ponto de equilíbrio.
Responsável pela primeira assistência de direção do curta metragem
de Elder Fraga, que representa o Brasil no "Cannes Short Film Corner
2014"; pela co-direção do filme "Forca", indicado a melhor curta no
"7 Continents Film Festival", na Índia, em 2013; agora ela se
prepara para mergulhar de cabeça nos projetos de teatro infantil, além de poupar as energias para a co-direção de um filme baseado em um texto do Frei Betto, programada para o segundo semestre.
Mais uma fase da vida, mais um novo visual!
Mais uma fase da vida, mais um novo visual!
Interessado nesta garra e fonte de boa sorte, escolhi esta artista
para ser a minha entrevistada da semana. Confira abaixo suas
respostas que ilustram bem seus planos, desejos e ações! Um texto que faz jus aos, também, títulos de jornalista e roteirista de Kelly Lima.
Há pouco mais de um ano nessa nova parceria com o autor e diretor, Francisco Alves, já colhemos bons frutos: a montagem e circulação
do espetáculo infantil "Ouvindo Estrelas" , vencedor de 2 prêmios
no Festival de Teatro da Amazônia; o processo de criação e
montagem de "Da Vinci, o Inventor", também para crianças, com
previsão de estreia ainda este ano; e a produção de mais dois
espetáculos adultos no Rio de Janeiro: "Casarão ao Vento", texto
vencedor do 6º Concurso de Dramaturgia Brasil em Cena, promovido
pelo Ministério da Cultura e Banco do Brasil e também "Riso
Invisível" com estreia em Maio no Sesc Tijuca.
Seus textos infantis são delicados e poéticos e acima de
tudo, tem a preocupação de respeitar a inteligência e o senso
crítico da criança, com o propósito de desmistificar o
maniqueísmo tão abundante na literatura para esse público.
Já para o público adulto a poesia prevalece em meio aos
apontamentos das injustiças sociais (sobre o machismo
desnudado em "Casarão ao Vento" texto de época - séc XIX, mas
atualíssimo) e nas relações humanas, especialmente naquelas
que ocorrem nos bastidores, longe do olhar do público (no caso
de "Riso Invisível") e que dizem respeito ao desejo e as
necessidades de se sentir amado e aceito pelo outro.
Ainda em 2014, esses espetáculos devem circular pelo país,
especialmente nas regiões Norte e Nordeste e o trabalho de
produção é intenso, mas extremamente gratificante.
É a mesma sensação que tenho das minhas primeiras
experiências com o teatro. Essa relação que iniciou quando
menina, numa escola da periferia de São Paulo. Eu tinha uns 13
anos, era "coordenadora da classe" e precisávamos de dinheiro
para a festa de conclusão do ensino fundamental. Tive a ideia
de fazer uma peça de teatro sem nunca ter ido a um espetáculo
até então. Escrevi o texto sobre a vida das princesas depois
da célebre frase "e viveram felizes para sempre", era uma
comédia dramática. Minha professora de língua portuguesa, com
quem até hoje mantenho contato, me incentivou e me orientou.
Convidei outros alunos para compor o elenco, decidimos o
figurino e a trilha sonora. Dirigi de acordo com a imagem que
se formou na minha cabeça e todos contribuíram com suas
próprias ideias. O resultado foi o pátio lotado em todas as
apresentações. Cobramos ingressos a algo em torno de R$2,00.
Foi uma delícia e conseguimos o dinheiro! Essa relação acabou
estacionando por aqui por alguns bons anos.
Apesar da formação em roteiro e jornalismo, acabei indo
parar na publicidade, o que foi extremamente importante para
meu amadurecimento pessoal e profissional. Dolorido, é claro!
Foram nessas experiências profissionais que percebi a riqueza
das relações humanas, mesmo aquelas que entendemos como
"desumanas", visto que no mundo corporativo uma pessoa é
facilmente substituída por outra quando sua capacidade de
produção não atende mais aos interesses da empresa. Ou melhor,
das pessoas que administram essa empresa. E isso acontece
geralmente no momento de maior fragilidade do empregado. Como
se este fosse uma engrenagem que apresenta defeito e precisa
ser substituída por uma peça nova. Pode parecer absurdo, mas
passei a fazer analogias com as relações fora do trabalho e
perceber que a fragilidade das relações humanas é minha fonte
de inspiração. Passei a revisitar minhas histórias de infância
com meus cinco irmãos e dezenas de primos, minha relação com
meus dois filhos, com amores, com amigos, com meus pais. E é
onde me encontro. Encontro minhas fragilidades, defeitos,
anseios, neuroses... meus desejos: os realizados e aqueles que
ficam por esperar ou que mudam de rumo. A vida é de uma
riqueza infinita!! Todas elas, mesmo as (aparentemente) mais
cotidianas e ditas "normais" ou "simples".
Obviamente que para transformar essa avalanche de emoções,
sensações e histórias em textos para teatro, cinema ou alguma
forma de arte (ou intenção de fazer arte), é preciso muito
estudo, treino, pesquisas, trocas com outros seres inquietos
que estão nessa jornada. São noites em claro, finais de
semanas, feriados e pouco tempo para o ócio, para o "devir",
para o devaneio. O que me faz falta. O que deve fazer falta a
todos.
Porém, enquanto mulher emancipada, tenho uma intuição que
grita pra dentro e ecoa: é no caminhar que está a realização!!
E mesmo que nesse caminho encontremos pessoas muito mal
intencionadas, situações pouco ou nada favoráveis, que
tenhamos que dar dois passos para trás pra ganhar impulso, ou
que tenhamos que parar por momentos e esperar a tempestade
acalmar (o que eu diria ser as grandes oportunidades para o
devir**), enfim, é esse o caminho!! Sigamos, pois!
**Devir (do latim devenire, chegar) é um conceito
filosófico que significa as mudanças pelas quais passam as
coisas. (fonte Wikipedia)
Parabéns pela capacidade de redigir este belo texto baseado nas minhas perguntas.
Na direção cinematográfica |
Na direção |
Na direção |
Como palhaça |
No palco |
No palco |
Como Mestre de Cerimônia |
Como Mestre de Cerimônia |
Um comentário:
Adorei o artigo! Tenho muito orgulho dessa minha irmã-amiga!
Postar um comentário