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** By ROBERTO CHRISTO **

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

SP: Protesto contra a doceria Ofner reúne cerca de 100 pessoas

Fonte: A Capa - Por Marcelo Hailer 12/12/2010 - 23:51



Aconteceu neste domingo (12), um beijaço promovido pelo grupo virtual "Ato Anti-Homofobia", em frente à doceria Ofner, que fica na região dos Jardins, em São Paulo. O motivo: um casal gay foi destratado pelo segurança da loja ao trocarem carícias.

A reportagem chegou ao local por volta das 17h30 e encontrou um discreto mas animado grupo de pessoas. Elas demonstravam ansiedade e temeridade com a possibilidade de o ato se tornar um fracasso. Conversamos com Mariana Motta, 22, estudante de arquitetura, que pediu para não ter o nome da universidade divulgado por medo de "represálias".

Animada, Mariana disse que em pouco tempo de existência o coletivo virtual, que tem a sua página no Facebook, já conta com mais de 900 participantes. Também disse que no sábado (11) ela e seus amigos foram fazer panfletagem sobre a manifestação na Praça Benedito Calixto e na rua Augusta.

Por volta das 18h15, começaram a chegar os manifestantes munidos de dezenas de guarda-chuvas com as cores do arco-íris e com inúmeros cartazes. Quem marcou presença no ato foi o jornalista Leão Lobo, que se declarou "muito assustado" com a onda de ataques homofóbicos.

Lobo contou que uma vez já foi ameaçado por skinheads. "Estava com uns amigos em um café no Copam, de repente escutei 'Leão Lobo', fui olhar imaginando que fossem fãs, mas não, um careca mostrou o dedo do meio e vi que em sua camiseta tinha uma suástica", disse o jornalista.

Em seguida, Lobo aproveitou para criticar também a censura da Rede Globo em relação aos beijos gays. "Hoje nós vivemos a era do não beijo. É muito engraçado, a Globo coloca gays em todas as suas novelas, mas sempre censura o beijo entre eles. E ainda vemos o Walcyr Carrasco dizer que a culpa é do Ministério Público. É muito fácil jogar a culpa nos outros", protestou.

O casal vítima de homofobia dentro da loja da Ofner, Marcelo, 33, e Lucio, 30 (foto), participaram do ato. Eles relataram exatamente o que aconteceu. Segundo Lucio, o casal começou uma brincadeira de cronometrar o tempo que a amiga iria levar no banheiro. Depois de trinta minutos de espera, Marcelo, que estava cansado, encostou a cabeça no ombro do namorado. Nesse instante, o segurança cutucou Lucio e chamou a atenção dos dois.

"De uma forma muito grosseira ele disse que aquele lugar (Ofner) era de família e que não eram permitidas atitudes 'bichas' no ambiente", denunciou Lucio. "Nós pedimos para chamar o gerente, que no início se negou a falar com a gente, depois, veio defender a loja. Quando disse que íamos processar, ele mudou o discurso e veio pedir desculpas", contou Lucio, que junto com o namorado abriu processo contra a Ofner baseado na lei 10.948, que pune estabelecimentos que discriminam homossexuais no Estado de São Paulo.

Quem causou frisson ao chegar ao local foi a Tchaka Drag, desta vez acompanhada da também drag Bill da Pizza. "Hey Ofner, pode preparar o meu café e baixar o preço do panetone!", avisou Tchaka Drag. Neste momento, quem também chegou foi a reportagem do programa "CQC". O repórter Rafael Cortez e as duas drags fizeram inúmeras cenas.

Inevitavelmente, muitos clientes da doceria quiseram saber o que estava acontecendo. A maioria desconhecia o ocorrido e passou a apoiar os manifestantes. Por volta das 19h, Tchaka Drag levou todo mundo para a entrada principal da doceria e protagonizou o beijo coletivo. Nem o repórter Rafael Cortez saiu ileso do ato.

Após o beijaço, o grupo, que já somava mais de 100 pessoas, seguiu para a avenida Paulista com destino ao número 700, local onde ocorreu a primeira agressão homofóbica, no último mês de novembro. Ao término do ato, Bill da Pizza leu o manifesto do grupo e pediu aos presentes que se "politizem", lembrando também que as candidatas Iara Bernardi e Fátima Cleide, ambas do PT, não se elegeram. "E gente, o Jean Wyllys não se elegeu com o voto da comunidade gay", disse Bill da Pizza.

Dimitri Sales, da Coordenação de Política Públicas LGBT de São Paulo, disse que estava feliz com a manifestação e que o ato "faz bem para o movimento". "Chegamos em um momento irreversível, é agora ou nunca para lutarmos pelos nossos direitos", discursou

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

DRAUZIO VARELLA - Violência contra homossexuais

Negar direitos a casais do mesmo sexo é imposição que vai contra princípios elementares de justiça

A HOMOSSEXUALIDADE é uma ilha cercada de ignorância por todos os lados. Nesse sentido, não existe aspecto do comportamento humano que se lhe compare.
Não há descrição de civilização alguma, de qualquer época, que não faça referência a mulheres e a homens homossexuais. Apesar de tal constatação, esse comportamento ainda é chamado de antinatural.
Os que assim o julgam partem do princípio de que a natureza (leia-se Deus) criou os órgãos sexuais para a procriação; portanto, qualquer relacionamento que não envolva pênis e vagina vai contra ela (ou Ele).
Se partirmos de princípio tão frágil, como justificar a prática de sexo anal entre heterossexuais? E o sexo oral? E o beijo na boca? Deus não teria criado a boca para comer e a língua para articular palavras?
Se a homossexualidade fosse apenas uma perversão humana, não seria encontrada em outros animais. Desde o início do século 20, no entanto, ela tem sido descrita em grande variedade de invertebrados e em vertebrados, como répteis, pássaros e mamíferos.
Em alguma fase da vida de virtualmente todas as espécies de pássaros, ocorrem interações homossexuais que, pelo menos entre os machos, ocasionalmente terminam em orgasmo e ejaculação.
Comportamento homossexual foi documentado em fêmeas e machos de ao menos 71 espécies de mamíferos, incluindo ratos, camundongos, hamsters, cobaias, coelhos, porcos-espinhos, cães, gatos, cabritos, gado, porcos, antílopes, carneiros, macacos e até leões, os reis da selva.
A homossexualidade entre primatas não humanos está fartamente documentada na literatura científica. Já em 1914, Hamilton publicou no "Journal of Animal Behaviour" um estudo sobre as tendências sexuais em macacos e babuínos, no qual descreveu intercursos com contato vaginal entre as fêmeas e penetração anal entre os machos dessas espécies. Em 1917, Kempf relatou observações semelhantes.
Masturbação mútua e penetração anal estão no repertório sexual de todos os primatas já estudados, inclusive bonobos e chimpanzés, nossos parentes mais próximos.
Considerar contra a natureza as práticas homossexuais da espécie humana é ignorar todo o conhecimento adquirido pelos etologistas em mais de um século de pesquisas.
Os que se sentem pessoalmente ofendidos pela existência de homossexuais talvez imaginem que eles escolheram pertencer a essa minoria por mero capricho. Quer dizer, num belo dia, pensaram: eu poderia ser heterossexual, mas, como sou sem-vergonha, prefiro me relacionar com pessoas do mesmo sexo.
Não sejamos ridículos; quem escolheria a homossexualidade se pudesse ser como a maioria dominante? Se a vida já é dura para os heterossexuais, imagine para os outros.
A sexualidade não admite opções, simplesmente se impõe. Podemos controlar nosso comportamento; o desejo, jamais. O desejo brota da alma humana, indomável como a água que despenca da cachoeira.
Mais antiga do que a roda, a homossexualidade é tão legítima e inevitável quanto a heterossexualidade. Reprimi-la é ato de violência que deve ser punido de forma exemplar, como alguns países o fazem com o racismo.
Os que se sentem ultrajados pela presença de homossexuais que procurem no âmago das próprias inclinações sexuais as razões para justificar o ultraje. Ao contrário dos conturbados e inseguros, mulheres e homens em paz com a sexualidade pessoal aceitam a alheia com respeito e naturalidade.
Negar a pessoas do mesmo sexo permissão para viverem em uniões estáveis com os mesmos direitos das uniões heterossexuais é uma imposição abusiva que vai contra os princípios mais elementares de justiça social.
Os pastores de almas que se opõem ao casamento entre homossexuais têm o direito de recomendar a seus rebanhos que não o façam, mas não podem ser nazistas a ponto de pretender impor sua vontade aos mais esclarecidos.
Afinal, caro leitor, a menos que suas noites sejam atormentadas por fantasias sexuais inconfessáveis, que diferença faz se a colega de escritório é apaixonada por uma mulher? Se o vizinho dorme com outro homem? Se, ao morrer, o apartamento dele será herdado por um sobrinho ou pelo companheiro com quem viveu por 30 anos?

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

AMOR? Filme de João Jardim


Hoje eu tive o enorme prazer de assistir à pré-estréia do filme “AMOR?” com lançamento previsto para abril de 2011, do diretor João Jardim. O filme teve a produção executiva da Casa Redonda, que mais uma vez acerta na parceria de um projeto pautado no sensível e socialmente educativo.

O filme é uma mescla de documentário com ficção, para ser mais claro, trata-se de uma série de depoimentos verídicos contados por atores. Fiquei maravilhado com a delicadeza e destreza do diretor em retratar experiências provenientes dos dissabores de relações de casais que envolvem violência física, psicológica, uso de drogas, prazer ou dor ao extremo. Tudo isto colocado de forma sutil, poética e o mais importante, extremamente tocante. Tenho certeza que se minha avó (italiana, cristã, ultraconservadora) assistisse ao filme, assim como uma adolescente dos tempos atuais, em algum momento, ambas iriam sentir uma identificação com alguma experiência relatada. É um filme totalmente horizontal, ou seja, o espectador faz parte daquilo. Eu digo isto porque acho que a sociedade intelectual tem mania de verticalizar qualquer questão social, sempre olham um problema de cima para baixo, ou até de baixo para cima, como se seus mundos estivessem longe daquelas situações mais comuns.

Amor? é um filme que segue a risca aquilo que eu acredito ser o ciclo do bom cinema: o roteiro é a fantasia, que toma forma pelo olhar do diretor e se humaniza com atuação de talentosos atores.

Então segue aí a minha dica, não percam o filme quando ele entrar no circuito comercial. Meus parabéns à Avon (patrocinadora), à Casa Redonda, ao sensível diretor (João Jardim) e aos atores (com especial atenção à Silvia Lourenço, Fabiula Nascimento e Claudio Jaborandy que estão “hors concours”).

Beijos do
Roberto Christo
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