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** By ROBERTO CHRISTO **

segunda-feira, 30 de junho de 2014

A Comédia do Sec.XXI

Alejandra Sampaio no "É SUSreal!"

A comédia é, geralmente, um gênero agradável e que pode ser formatado de diferentes maneiras. Temos o "pastelão" que se baseia nos exageros surreais dos desenhos animados; ou a diversão humorística que brinca com os problemas do cotidiano social, como propôs Molière... Eu, particularmente, adoro a comédia de improvisos, tipo o trabalho da Tatá Werneck, um humor ácido que é contado de forma fria, sem emoção, um trabalho de ator que é gerado e concebido no momento! Já em tempos de politicamente correto, o humor negro passou a ser algo delicado; bem como, produzir comédia passou a ser um "andar" na corda bamba. Enfim, esta é uma mania de quem trabalha com audiovisual, parece que estamos sempre à frente de uma linha de produção industrial, naquela função de rotular aquilo que se vê! Parece que estamos sempre tentando adequar tal produto a um estilo! Tudo isto com a finalidade de se deparar com uma inovação do estilo e da arte de se comunicar. Mas, inovar é difícil! É um processo árduo desde a criação até a veiculação e seus meios. Estamos em uma era que tudo muda muito rápido e acabamos por ver uma estagnação criativa, tudo se torna muito efêmero. Esta realidade se torna um desafio! Mas, por incrível que pareça, há poucos dias o meu lado industrial se deparou com um novo!

Ao assistir, recentemente, ao programa piloto, da nova série comédia, produzido pelos amigos da "Pensamentos Filmados", me dei conta que havia deixado de lado esta minha mania profissional, de maneira inconsciente, quando me peguei dando risadas e entretido na telinha do youtube, como um espectador real!

Adorei a experiência e fui elogiar o trabalho desta série cômica de esquetes, junto a um dos criadores, o cineasta Geison Ferreira Luz. Foi quando o Geison me pediu uma opinião, enquanto profissional da área, pois aquele era um trabalho de produção e atuação totalmente diferente das coisas que ele costuma fazer! Daí botei a cabeça para analisar o porquê eu me comportei de maneira diferente diante daquela obra (fui dominado por um magia enquanto espectador) e descobri que, realmente, a "Pensamentos Filmados" acabou por criar um divisor de águas na comédia. 

Vamos às minhas impressões!

O programa piloto tem nota "10" na parte técnica: arte, produção, fotografia e áudio estão impecáveis! O trabalho dos atores é ímpar, a grande Alejandra Sampaio (indicada a melhor atriz pelo espetáculo "Cais ou Da Indiferença das Embarcações") está mais do que perfeita; está leve; está representando no ponto suave do estereótipo proposto, sem deixar de ser mega cômica! O Geison Ferreira Luz inova na atuação ao deixar de lado a caricatura de gestual e voz quando faz uma mulher, ou quem sabe um transgênero ou talvez um homem que se sente bem, quando travestido. Ele deixou esta diferença visível, invisível! Afinal é assim que devemos encarar o natural!

Aí chegamos ao ponto! Para dialogar com todos os públicos, passar a mensagem do âmago, se aproximar do humano, é preciso ser casual, fazer um estereótipo sem caricaturas sociais e deixar a luz para a questão em voga, no caso do programa "É SUSreal!", o problema da saúde... uma saúde de ordem pública e pessoal. Um problema, que no lado humano e pessoal, é tratado como tabu, uma vez que uma patologia mental é motivo de vergonha para aqueles que padecem deste mal. Um problema, que no âmbito de saúde pública, quando debatido, suscita a velha e chata disputa das ideologias políticas pessoais de uma sociedade que se esquece que a diversidade de opiniões políticas, também é salutar. Que paremos de impor nossas verdades, como as absolutas, quando discutimos política com outros. Pois esta discussão é como um cão correndo atrás do rabo, nunca atinge um objetivo.

Brincar com o visual da diversidade sem comprometer o foco é um humor novo e inteligente. Aqui incluímos todos, de maneira democrática, e subentendemos que os problemas de saúde mental são suceptíveis à diversidade, à todos o seres, à todas as categorias sociais, culturais, étnicas, sexuais e etc.

Fazer brincadeiras também é uma maneira de burlar a barreira do tabu; de nos mostrarmos tolerantes ás ideias alheias.

Aquilo que vemos não é sempre a verdade. Precisamos enxergar e não ver!

Quanto ao "É SUSreal!", a mente pôde ser sentida através desta obra, ao mesmo tempo que vista através desses PENSAMENTOS FILMADOS.

Parabéns, Geison Ferreira Luz, Ana Maria Saad, Alejandra Sampaio e equipe, vocês brilharam!

Quero abrir caminhos para a "Pensamento Filmados" junto aos possíveis patrocinadores da cultura e responsabilidade social e ou demais colaboradores, dizendo que nenhuma conquista é possível sem a participação de vocês! Participação que viabiliza ações e que visam a construção, através das artes, de um mundo onde qualquer pessoa possa ser um cidadão com dignidade.

Para os interessados em colaborar e investir na cultura, o contato da ONG é: contato@pensamentosfilmados.com.br

Beijos do ROBERTO CHRISTO

 

Assista ao "É SUSreal!":

 

segunda-feira, 23 de junho de 2014

"Games People Play" by Dawn Westlake


 English
Recentemente anunciei que a incrível diretora, atriz e produtora, Dawn Westlake (Ron de Cana Produtora) dedicava parte de sua agenda lotada, realizando a produção e direção de seu novo filme “Games People Play”. Trabalho que conta com a cinematografia e montagem do talentoso artista, Jon Carr.

Muito já foi feito e a obra filmada com uma C500 da Canon já está em fase de finalização. O sonho de Dawn em transformar um drama real, da relação afetiva que a diretora presenciou entre amigos, em uma comédia de humor negro se fez valer!

No filme, a multimídia Dawn Westlake atua ao lado de David Razowsky e Mark Jacobson. 

Agora é esperar pelo lançamento de “Games People Play”!

por ROBERTO CHRISTO

 

Assista ao trailer:


segunda-feira, 16 de junho de 2014

Carta aberta a Marilene Chauí e Jean Wyllys


Eu, recentemente, me deparei com duas manifestações proferidas por interlocutores de peso. Ambas são julgamentos pessoais que me dão o direito de resposta, enquanto cidadão. 

A primeira foi através de um vídeo, apresentado por um amigo, quando a Sra Marilene Chauí chama a classe média de estúpida, arrogante, petulante, ignorante e terrorista. Veja o vídeo abaixo:


Sra Marilene Chauí, a média é uma maneira de se calcular aquilo que seja democrático, de procurar e desenvolver pesquisas que melhorem nossas vidas, de construir um acesso à todos, de evitar a falta, de se poupar do excesso. 

Eu sou da classe média, cresci e fui educado na classe média. Minhas origens, até onde eu tenho conhecimento, são uma mescla de etnias europeias, mas como faço parte da média dos brasileiros que vem de onde eu venho, com certeza, tenho genes afrodescendentes e sefaradis! Para se chegar à algo mais preciso, basta calcular a média dos resultados do meu material genético. 

Meus pais são da classe média, me deram uma educação de valores, pautada no respeito e amor ao próximo. Sempre me ensinaram a ver a diversidade como algo mediano, nunca extremista, assim fica mais fácil exercer a tolerância e enxergar as diferenças como a grande fatia da média.

A segunda foi através do site Terra que publicou um comentário sobre o comportamento daqueles que assistiam ao jogo de abertura da Copa 2014, escrito pelo Deputado federal pelo PSOL do Rio, Jean Wyllys. Veja abaixo:

“Sim, eu senti vergonha por conta da vaia e do insulto à presidenta Dilma no jogo de abertura da Copa do Mundo. Sim, a vergonha foi maior porque a gente que puxou a vaia se considera "fina, culta e educada" e vive chamando de "mal-educados, grosseiros e sem-modos" aqueles que não têm a sua cor, a sua renda nem seus privilégios (inclusive o de poder adquirir o caríssimo ingresso para estar naquela arquibancada).

Sim, mal-educada, grosseira e sem-modo é mesmo aquela gente, que, pouco acostumada com a civilidade, não tem senso de oportunidade nem sabe fazer oposição política sem resvalar para a baixaria. Sim, os manifestantes que questionam, com razão, os custos da Copa e que têm motivos reais para perderem a cabeça em relação às políticas da presidenta (políticas que beneficiaram justamente os que estavam na arquibancada e na área VIP da arena) não caíram na baixaria do insulto pessoal à Dilma, embora sejam comumente chamados de "vândalos" e "baderneiros" pelos que insultaram a presidenta enquanto tomavam sua cerveja gelada.

Sim, eu faço oposição (à esquerda!) à presidenta Dilma, mas fazer oposição a ela não significa insultá-la de maneira covarde. Sim, eu faço oposição (à esquerda) à presidenta, mas fazer oposição não é cair em ataques pessoais, mas, sim, fazer crítica às políticas por ela implementadas.

Sim, há um tanto de misoginia e machismo odiosos no insulto proferido pela plateia branca e rica contra Dilma. Sim, eu não gostaria que Luciana Genro ou Manuela D'Ávila ou Erika Kokay ou Mara Gabrilli fossem insultadas daquela forma por uma turba de machos corajosos só quando estão em turba. Sim, sendo eu, todos os dias, vítima de insultos semelhantes motivados por homofobia, posso inferir a dor que a presidenta sentiu ao ouvir o insulto em coro.

Sim, a dignidade de Dilma (e sua dignidade existe apesar de suas atitudes políticas equivocadas e erros de gestão!) é a melhor resposta à indignidade daquela gente que a insultou. Sim, presidenta Dilma, você tem a minha solidariedade. Sim, coragem grande é poder dizer "sim"!
Jean Wyllys

Sr Jean Wyllys, o Sr age como o Hitler que definia a cor, o credo, a classe social, a orientação sexual e o estado de saúde das pessoas. Um Hitler que quer exterminar aqueles que julga como inferiores, baseando-se em fantasias e conjecturas (conjecturas: se você está no jogo da Copa é porque pôde pagar o ingresso! Se pôde pagar o ingresso, é porque pertence a classe XYZ! Se pertence à classe XYZ é da etnia tal! Se é da etnia tal, se acha mais educado que os outros! Se você se acha melhor que outros, você odeia os diferentes ou você é um egoísta, ou um acéfalo...).

Sr Jean Wyllys, o seu ódio é transparente quando fala daqueles que assistem ao jogo de abertura da Copa 2014! Você se baseia em características que fazem parte da diversidade fisicamente visível e que não deve ser referência para generalizar, desrespeitar a consciência individual e o livre pensamento. O senhor é gerador de ideias, por isso reflita se seu texto não é intolerante e parcial. Reflita se não há uma forte dose de "classemediafobia" e espero que repense suas futuras declarações.

Eu levo as afirmações do Deputado Jean Willys e da Sra Marilene Chauí como um rótulo negativo à minha condição étnica e minha classe social. Nem mesmo os trabalhadores do Censo, quando em pesquisa; ou os serviços de imigração; os órgãos públicos e privados me "pregam" tal tarja! Pois, quando querem saber da minha etnia e classe social perguntam: Qual a cor de pele que você considera ter? De qual etnia você se define? Qual dos grupos de níveis de renda familiar você se encaixa?

Alguns pensadores precisam se dar conta, que pensamento é democrático, é filosófico, é dialético, é pessoal, é escolha, é a liberdade de ser. Por favor! Eu não quero falar da política brasileira, pois é um assunto que eu, realmente, ignoro. Minha resposta é para mostrar  que me senti agredido, ridicularizado e menosprezado por uma certa classe de intelectuais! Intelectuais que têm acesso aos meios de comunicação. Pessoas que considero inteligentes, mas que estão cegas e doentes. Que, por conta de seu status social, político e profissional, querem impor seus pensamentos, como uma verdade absoluta. Pessoas que julgam, condenam e querem diminuir aqueles que eles fantasiam ser contrários às suas verdades. Pessoas que se utilizam de suas facilidades de comunicação para botar o dedo na cara alheia, ou que julgam pelas aparências e por suas fantasias.

por ROBERTO CHRISTO

 

terça-feira, 10 de junho de 2014

"A Curra" Uma Realidade no Palco!


Na última quinta feira, a convite do ator Marcos Ferraz, eu estive no Teatro Paiol para assistir ao espetáculo "A Curra", de Gladston Ramos e Sebah Vieira, que mostra o dia a dia de uma penitenciária. O mais bacana foi ver que a equipe tem garra e talento o bastante para fazer de um assunto denso, uma peça tocante, artística e de entretenimento!

No palco uma grade de ferro recria uma cela. Ali os atores encenam a falência do sistema prisional brasileiro e mostram o fim do sentido principal da pena de seus personagens: a reabilitação do condenado! Não há mais como ressocializar o encarcerado, que uma vez livre, volta à violência, ou morre ali mesmo, antes da liberdade.

O texto escancara o que vivemos: um sistema carcerário além do limite; uma superpopulação prisional vivendo em péssimas condições; uma situação que só serve para fazer do local, uma escola para a institucionalização do crime; um espaço sem respeito à dignidade humana; uma negligência com a prevenção de transmissão de DSTs, um desamor à vida!

O espetáculo é a ficção da realidade do descaso do poder público. Tanto na peça quanto na realidade, as penitenciárias brasileiras se tornaram os QGs do crime organizado, de lá são enviadas as ordens para que o "negócio" continue a acontecer do lado de fora. Através de subornos é possível obter telefones celulares, drogas ou outras regalias. As hierarquias são formadas dentre os próprios detentos, ali as leis são outras, a justiça é feita com as próprias mãos!

Para o bom entendedor, as críticas subliminares de "A Curra" mostram que precisamos abrir a mente e deixar de lado nossas simples soluções para o fim dessa violência que vivemos. Está enganado quem pensa que a redução da maioridade penal ou a adoção da pena de morte vai resolver os dois lados da moeda, vai fazer a sociedade enxergar o preso como um ser humano que merece respeito quanto a sua sexualidade, seu corpo, sua mente. Ainda há um grande caminho a percorrer, pois o mundo está experimentando qual a melhor forma de retirar da sociedade, punir e recuperar aqueles cidadãos que apresentem alguma ameaça à vida em comunidade. Mas, é importante ter consciência que o menosprezo gera revolta e que a violência contra a dignidade gera violência contra a sociedade.

Recomendo a todos a assistirem à peça, lembrando que, no decorrer deste mês, publicarei um bate papo com os atores: Danilo Almeida, Marcos Ferraz, Marco Mastronelli e Melissa Paixão, no www.revistacliquish.com. IMPERDÍVEL!

FICHA TÉCNICA: A CURRA

Texto: Gladston Ramos.
Direção: Sebah Vieira.
Elenco: Marco Mastronelli, Marcos Ferraz, Danilo Almeida, Melissa Paixão, Taiguara Nazareth, Will de Oliveira, Vagner Cezarey, Eliane Donabella e Bruno Nabuco.
Quintas, às 21h no Teatro Paiol Cultural - Rua Amaral Gurgel, 164 (Campos Elísios).

por ROBERTO CHRISTO

 

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