Utilizando-se da metalinguagem, estreou ontem no Teatro Augusta, o
espetáculo "Senhorita Júlia e a Despedida de si Mesma". Com direção de
Heitor Saraiva, a peça reúne um elenco de peso: a grande Amanda Pereira
(Júlia), Eduardo Pelizzari, Paloma Souza, Rebeca Zadra, Danilo Amaral,
Dico Paz, Rafael Dib, Patrícia Palhares, além de Beto Bellini, o também
responsável pela autoria do texto.
Com uma produção de altíssimo nível, incluindo um figurino perfeito, uma
iluminação e som de babar, o espetáculo deve emplacar como sucesso
total.
Rafael Dib e Amanda Pereira |
Júlia é filha de um grande empresário da comunicação, uma apresentadora
de televisão que se envolve com um captador de recursos cuja esposa se
diz uma religiosa, porém só age por interesse. Assim se desenrola a peça
que discute questões como a vaidade, a adoração pela fama, o facilidade
de se corromper na busca de egos inflamados, algo muito comum no mundo
do audiovisual. Pensando bem... Eu diria que a realidade do texto transcende o
"mundinho", trata-se de uma verdade geral da atualidade! O espetáculo é
um espelho que reflete a imagem de nossos anseios. Claro, não quero
generalizar, mas com certeza, muitos enxergarão a própria imagem, nestes
tempos em que o homem parece estar retrocedendo.
O cinema, a música, a literatura... Enfim, a arte precisa seguir uma
regra de uniformidade para garantir uma notoriedade. A estética precisa
seguir o ritmo da globalização. O sistema econômico oprime o espírito,
acaba com a harmonia casual das estruturas e fragiliza o artista. O
produto torna-se algo fugaz e descartável, escondido sob o escudo do
progresso.
Onde ficou a fantasia, o lúdico? Acabaram se tornando um espírito zombeteiro que, em
alguns momentos, aparece para brincar com os artistas, ou lembrar que a
essência da arte não é a grandiosa produção que a envolve, mas sim sua
simplicidade ou a simples capacidade de nos fazer sentir.
Esquecemos do literal teatro de ilusões. O que vale agora é o prazer de
celebridade. O público fechou a "gavetinha" da reflexão, não quer mais
exercitar a imaginação, está com preguiça de procurar o fio da meada
Onde ficou o homem? Passou a ser um objeto manipulável que dança de
acordo com a orquestra do poder do dinheiro, ou vai na onda da massa.
Perdeu seus atributos humanos, a capacidade de observação, só quer se
engajar na corrida incessante do glamour. Deixou seus pensamentos no
"automático" para curtir o indulgente. Passou a se preocupar, somente,
com o próprio nariz, mesmo que precise contradizer suas crenças, seus ideias, sua educação, seus sonhos.
Mas o resultado de tudo isto pode ser um desastre para o maior bem do ser, o bem que esquecemos de dar o devido valor: A VIDA!
EM CARTAZ ATÉ 10 DE ABRIL DE 2014
Eu super recomendo! Melhor, é um espetáculo imperdível.
por ROBERTO CHRISTO
Ficha Técnica:
Direção: Heitor Saraiva.
Coordenação de Produção: Erika Barbosa.
Assessoria de Imprensa: Miriam Bemelmans.
Diretora de Produção: Patrícia Palhares.
Assistente de Direção: Lívia Simardi.
Ingressos: R$ 30,00. (Inteira) R$ 15,00 (Meia-Entrada) Mediante apresentação de comprovante.
TEATRO AUGUSTA
Rua: Augusta, 943 - Cerqueira César
Horários: quartas e quintas às 21h.
Sala Nobre: 302 Lugares.
Gênero: Drama.
Duração: 70 Minutos.
Classificação: 16 anos.
Compras On-Line: Ingresso Rápido.
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