Autor: Emmanuel Nassar
Todos os anos – e já são mais de 20 – promovo esta Campanha de Quaresma em benefício de uma obra social que conheço, acompanho e na qual confio. Este ano a escolhida é o Centro Cultural da Favela de Vila Prudente, na capital paulista. A favela abriga 2 mil famílias – ao todo, cerca de 10 mil pessoas. Muitas crianças e jovens. Ao percorrer a favela, por becos e vielas, avistei a barreira humana formada pelo pessoal do narcotráfico, que em plena tarde de uma sexta-feira exibia armas. Ali trabalha, há 35 anos, o padre Patrick Clarke, irlandês. Há uma comunidade de quatro religiosas, que moram na favela, e um grupo de leigos que atuam nos trabalhos pastorais e sociais. No Centro Cultural, 80 crianças e jovens, de 7 a 17 anos, seguem cursos de artes plásticas (mosaicos, desenho, colagem, pintura de ícones, confecção de quadros e postais); artes marciais (caratê, judô e capoeira) e cênicas (inclusive teatro); vídeo, música (percussão, violão, canto e coral); e computação (há uma sala com 12 computadores). O Centro está interessado em receber doação de peças de cerâmica, às quais os alunos das oficinas possam imprimir valor agregado com suas criações artísticas. Oito jovens da favela têm seus estudos bancados pelo Centro. Fiquei encantado com a oficina de artes sacras e, mais ainda, com a capela de São José Operário, em plena favela, toda ornada com belos mosaicos confeccionados no Centro Cultural. Construída pela comunidade, a capela foi inaugurada há dois anos. Trata-se de um trabalho preventivo, para evitar que os jovens caíam na marginalidade. Um dos principais problemas da favela é a compressão humana, com os barracos praticamente amontoados uns sobre os outros, sem nenhum espaço no qual os jovens possam descarregar sua agressividade. Há ainda no Centro um programa de Psicoterapia Infantil, de Adulto e Aconselhamento às Famílias. O Centro conta com 15 educadores remunerados. A experiência com voluntários não funcionou, por falta de assiduidade dos candidatos. A favela fica defronte ao Viaduto Grande São Paulo. Debaixo dele funciona o Projeto Recicla Favela, que agrega 25 famílias de catadores de material reciclável, todas cooperativadas. Ali funciona o depósito do material coletado em lojas do shopping Mooca Plaza e em empresas da região. Os catadores separam o material e vendem para empresas de reciclagem. Em dezembro do ano passado, coletaram no shopping 40 toneladas de papelão... E só não coletaram mais por falta de espaço no depósito sob o viaduto. O sonho deles é alugar um galpão próximo à favela. Porém, os donos se recusam a “alugar para guardar lixo”... Os cooperados arrecadam, por mês, uma média de R$ 900 reais para cada família.
Muito mais poderia ser feito se o Centro Cultural dispusesse de recursos. Portanto, venho convidá-lo a, nesta Quaresma, “jejuar” ainda que seja R$ 1 do seu orçamento, e destiná-lo a este trabalho social. Em vez de adotar antigos procedimentos que perderam seu significado – como os cristãos deixarem de comer carne na sexta-feira santa (e se empanturrarem de frutos do mar...) – melhor destinar recursos a quem investe em atividades não assistencialistas com crianças e jovens de favela.
A conta bancária é:
CNPJ 54.636.022/0001-71 (Movimento de Defesa do Favelado Região Episcopal Belém).
Bradesco - Agência 1362-5
C/C 33321-2
Email para informações, e aviso e solicitação de recibo: mdfsp@uol.com.br, Maiores informações
blog: http://centroculturalvilaprudente.blogspot.com
Site: www.mdf.org.br
Minha gratidão e meu abraço amigo de Feliz Páscoa!
Frei Betto
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