Eu, recentemente, me deparei com duas manifestações proferidas por
interlocutores de peso. Ambas são julgamentos pessoais que me dão o
direito de resposta, enquanto cidadão.
A primeira foi através de um vídeo, apresentado por um amigo, quando a
Sra Marilene Chauí chama a classe média de estúpida, arrogante,
petulante, ignorante e terrorista. Veja o vídeo abaixo:
Sra Marilene Chauí, a média é uma maneira de se calcular aquilo que seja democrático, de
procurar e desenvolver pesquisas que melhorem nossas vidas, de construir
um acesso à todos, de evitar a falta, de se poupar do excesso.
Eu sou da classe média, cresci e fui educado na classe média. Minhas
origens, até onde eu tenho conhecimento, são uma mescla de etnias
europeias, mas como faço parte da média dos brasileiros que vem de onde eu venho, com certeza,
tenho genes afrodescendentes e sefaradis! Para se chegar à algo
mais preciso, basta calcular a média dos resultados do meu material
genético.
Meus pais são da classe média, me deram uma educação de valores, pautada
no respeito e amor ao próximo. Sempre me ensinaram a ver a diversidade
como algo mediano, nunca extremista, assim fica mais fácil exercer a
tolerância e enxergar as diferenças como a grande fatia da média.
A segunda foi através do site Terra que publicou um comentário sobre o
comportamento daqueles que assistiam ao jogo de abertura da Copa 2014, escrito pelo Deputado federal pelo PSOL do Rio, Jean Wyllys. Veja abaixo:
“Sim, eu senti vergonha por conta da vaia e do insulto à presidenta Dilma no jogo de abertura da Copa do Mundo. Sim, a vergonha foi maior porque a gente que puxou a vaia se considera "fina, culta e educada" e vive chamando de "mal-educados, grosseiros e sem-modos" aqueles que não têm a sua cor, a sua renda nem seus privilégios (inclusive o de poder adquirir o caríssimo ingresso para estar naquela arquibancada).
Sim, mal-educada, grosseira e sem-modo é mesmo aquela gente, que, pouco acostumada com a civilidade, não tem senso de oportunidade nem sabe fazer oposição política sem resvalar para a baixaria. Sim, os manifestantes que questionam, com razão, os custos da Copa e que têm motivos reais para perderem a cabeça em relação às políticas da presidenta (políticas que beneficiaram justamente os que estavam na arquibancada e na área VIP da arena) não caíram na baixaria do insulto pessoal à Dilma, embora sejam comumente chamados de "vândalos" e "baderneiros" pelos que insultaram a presidenta enquanto tomavam sua cerveja gelada.
Sim, eu faço oposição (à esquerda!) à presidenta Dilma, mas fazer oposição a ela não significa insultá-la de maneira covarde. Sim, eu faço oposição (à esquerda) à presidenta, mas fazer oposição não é cair em ataques pessoais, mas, sim, fazer crítica às políticas por ela implementadas.
Sim, há um tanto de misoginia e machismo odiosos no insulto proferido pela plateia branca e rica contra Dilma. Sim, eu não gostaria que Luciana Genro ou Manuela D'Ávila ou Erika Kokay ou Mara Gabrilli fossem insultadas daquela forma por uma turba de machos corajosos só quando estão em turba. Sim, sendo eu, todos os dias, vítima de insultos semelhantes motivados por homofobia, posso inferir a dor que a presidenta sentiu ao ouvir o insulto em coro.
Sim, a dignidade de Dilma (e sua dignidade existe apesar de suas atitudes políticas equivocadas e erros de gestão!) é a melhor resposta à indignidade daquela gente que a insultou. Sim, presidenta Dilma, você tem a minha solidariedade. Sim, coragem grande é poder dizer "sim"! Jean Wyllys
Sr Jean Wyllys, o Sr age como o Hitler que definia a cor, o credo, a
classe social, a orientação sexual e o estado de saúde das pessoas. Um
Hitler que quer exterminar aqueles que julga como inferiores,
baseando-se em fantasias e conjecturas (conjecturas: se você está no
jogo da Copa é porque pôde pagar o ingresso! Se pôde pagar o ingresso, é
porque pertence a classe XYZ! Se pertence à classe XYZ é da etnia tal!
Se é da etnia tal, se acha mais educado que os outros! Se você se acha
melhor que outros, você odeia os diferentes ou você é um egoísta, ou um
acéfalo...).
Sr Jean Wyllys, o seu ódio é transparente quando fala daqueles que
assistem ao jogo de abertura da Copa 2014! Você se baseia em
características que fazem parte da diversidade fisicamente visível e que
não deve ser referência para generalizar, desrespeitar a consciência
individual e o livre pensamento. O senhor é gerador de ideias, por isso
reflita se seu texto não é intolerante e parcial. Reflita se não há uma
forte dose de "classemediafobia" e espero que repense suas futuras
declarações.
Eu levo as afirmações do Deputado Jean Willys e da Sra Marilene Chauí como
um rótulo negativo à minha condição étnica e minha classe social. Nem
mesmo os trabalhadores do Censo, quando em pesquisa; ou os serviços de
imigração; os órgãos públicos e privados me "pregam" tal tarja! Pois,
quando querem saber da minha etnia e classe social perguntam: Qual a cor
de pele que você considera ter? De qual etnia você se define? Qual dos grupos de níveis de renda
familiar você se encaixa?
Alguns pensadores precisam se dar conta, que pensamento é democrático, é
filosófico, é dialético, é pessoal, é escolha, é a liberdade de ser.
Por favor! Eu não quero falar da política brasileira, pois é um assunto
que eu, realmente, ignoro. Minha resposta é para mostrar que me senti
agredido, ridicularizado e menosprezado por uma certa classe de
intelectuais! Intelectuais que têm acesso aos meios de comunicação.
Pessoas que considero inteligentes, mas que estão cegas e doentes. Que,
por conta de seu status social, político e profissional, querem impor
seus pensamentos, como uma verdade absoluta. Pessoas que julgam,
condenam e querem diminuir aqueles que eles fantasiam ser contrários às
suas verdades. Pessoas que se utilizam de suas facilidades de
comunicação para botar o dedo na cara alheia, ou que julgam pelas
aparências e por suas fantasias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário